segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Maquiavel - Os Fins Justificam os meios? (Revisado!)













[Este texto para permite que você pule até o final na conclusão se quiser]

Nicolau Maquiavel é um dos primeiros que contribuiu no fundamento para o conceito de estado. Sendo primordial na ciência política, estratégias de guerra e gerenciamento de pessoas. Sua repercussão foi a síntese do pensamento político de Thomas Hobbes, que teria um estado como definição, dando segmento depois à John Locke e Rosseau.

Seus princípios se baseiam na práxis politica como justificável (uma forma pragmática), buscando atos necessários, independente do que for preciso para controle de um estado.


Considerado um dos primeiros a quebrar paradigmas antigos dos gregos e romanos, no que lhe concerne o governante não seria mais uma pessoa de virtude (Virtude de Sócrates, Platão e Aristóteles). A virtude como lei universal se sustentou até a idade média pelo cristianismo através de Santo Agostinho, Thomás de Aquino e etc.. 

Renunciando a todas as utopias da filantropia, nosso autor analisa o que são os sistemas políticos de forma sólida e realista, defende que um bom gestor uma hora ou outro ficaria refém de ações moralmente questionáveis, mesmo que não queira. 

Tais ações não implicam necessariamente um governante “malvado”, mas um governante que faz o necessário por um ''bem melhor''. Entendendo o poder político como o uso da força para manter a ordem. Existe uma influência imperialista com a idéia do controle de um soberano buscando um resultado de centralização governamental e para este processo de controle estatal, teria a necessidade de tropas nacionais bem consolidadas (influencia meio facista).

Na obra de Maquiavel O Príncipe é uma dedicatória ao Lorenzo Medici O maginífico, que tem como embasamento as dicas de  governança. O príncipe é uma simbologia que retrata não necessariamente o filho do rei, mas o nascimento  de um futuro governante.

A Nova Política

Nicolau Maquiavel desejava uma Itália unificada, sugerindo uma nova forma política que se divide da condução moral e religiosa. A ruptura de Maquiavel reverbera o pensamento político de Thomas Hobbes e os diversos campos do conhecimento. O governante deve executar ações necessárias para manter o poder e o controle do povo. A ordem é articulada por soberano que controla e centralizar o país.  O Príncipe é uma obra com dedicatória a Lorenzo Medici, o magnífico. 

Virtú e Fortuna

A virtú aqui é qualificada enquanto habilidade, aquela que age conforme a necessidade, buscando a solução pratica, não depende de caráter ou princípio. Fortuna entendida como a “sorte”, ou ocasião é um elemento inevitável que a vida pública de um governante perpassa, ele depende da opinião e a influência social. São as causas e condições simultâneas, as oportunidades e adversidades. Mas há outro exemplo de fortuna, a hereditariedade que entrega condições para que se possa governar. A virtude depende unicamente da boa prática e experiência, aquele que age enquanto estrategista. A fortuna por hereditariedade não dá espaço para que o predecessor desenvolva a habilidade e experiência. O príncipe sempre deve aproveitar a fortuna, e desenvolver a virtú essa que se difere da ideia da virtude engessada em princípios, valores e ideologias tornando se vulnerável e previsível. 

Crueldade bem praticada e mal praticada

A crueldade bem praticada registra as medidas “inadmissíveis” para povo. A solução é o tempo para o esquecimento. Esta ação é avaliada, caso seja necessária é feita de uma única vez, ou em determinados intervalos de tempo, já a crueldade mal praticada remete a uma ação sem prudência, tem consequências consecutivas que se multiplicam sem cessar.

Reputação do Príncipe

O goverante deve ser amado ou em último caso, temido, porém nunca odiado. Se não for amado melhor que seja temido, ainda temido consegue conter e evitar rebeliões. O governante odiado consequentemente lida com revoltas e rebeliões. Transmitir a bondade, o altruísmo e a fé formam uma boa reputação, não precisa necessariamente ajustar-se com a imagem que transmite, mas deve mantê-la, poucos vêem o que somos, mas todos vêem o que aparentamos.

Agir como Homem e Animal

Agir como homem significa cumprir as suas palavras, mas os princípios tornam um soberano previsível e limitado. Entre os animais temos o leão, instintivo que usa da força física para botar ordem. A raposa que é audaciosa, no acordo de uma negociação, pode até não cumprir, mas ainda prevê a consequência.



Conclusão - Os fins Justificam os meios?




Todo esse repertório é amoral e desleal, principalmente no  - aparentar-ser. Devido ao interesse próprio.  Maquiavel não só retrata a realidade de um governante, solitária e muitas vezes de aparências.  A própria  realidade da vida na camada social de muitos e o funcionalismo racional do mercado (Weber). O problema não é o sistema econômico, mas os meios pelos quais se articulam ideias do homem que enumera pessoas e retira os seus valores e princípios.

Este filósofo é realista quando pauta a natureza humana sem utopias das virtudes platônicas e religiosas. É notavel que existam pessoas boas, contudo em suas individualidades e contextos (fora da camada social) podem ser más com as outras. Não existe bondade plena em um ser humano. Até mesmo a bondade plena é vista como anti-natural, visto que hoje na psicologia existe uma patologia chamada "Síndrome da Madre Teresa de Caucutá". Veja bem, se você pode ser bom seja o quanto puder, evite ser mau. Mas ser bondoso sempre pode acarretar a você serias consequência. Não seja trouxa. A maldade e a malícia muitas vezes nos defende contra outras maldades e malícias, é inevitável.

Os fins justificam os meios? Depende do caminho que for trilhar.
 Exemplo: Vamos supor que você tem um cargo alto em uma empresa e precisa escolher entre demitir um funcionário por questão financeira. Pela lógica você como deve escolher entre o funcionário que contribui menos para empresa, o menos produtivo. Mas este funcionário está com depressão com filhos para sustentar. Pela sua humanidade você deveria mantê-lo, ajudá-lo, mas não há tempo e nem dinheiro pra isso, então você teria que demitir ele e manter o funcionário que é (forçando a barra) solteiro, folgado, chega no trabalho atrasado cheirando álcool e mora com os pais, por quê? Por quê? Porque é um dos primeiros no Ranking de vendas. Vai deixar a sua empresa falir por coração?. Uma vez me disseram  algo que levo até hoje, foi em um momento difícil:" Empresa não vê coração!, vê resultado" e essa é a realidade, aprendi muito. Uma frase de sobrevivência.

Não é atoa que aqueles que ocupam os cargos mais altos das empresas tem um certo grau ou traço de psicopatia segundo os pesquisadores no campo da psicologia. Existem inúmeras pesquisas por ai que chegam nesse resultado. Para tais cargos é  necessário frieza e pragmatismo pela tomada de decisões estreitas.

Agora se você não lida com esse universo pragmático, não há motivo para se sujeitar a isso. Eu espero nunca ter que passar por este tipo de decisão. Maquiavél esta certo e errado eu diria. Não nos atos, mas sim na forma de ver o mundo pragmático, frio, sem coração. E muitas vezes teremos que enxergar desta forma por sobrevivência.

 Sobre o grau de psicopatia  é muito interessante, comece a observar isso no ambiente corporativo, as vezes não têm no seu trabalho, mas tem em muitos lugares. Já vi também bons líderes, admiráveis que tem empatia, mas em algum grau algumas decisões teriam que ser maquiavelianas. 

(Existe uma diferença do maquiaveliano e o maquiavélico). O maquiavélico é o manipulador negativo, o maquiaveliano é aquele que aplica a manipulação com ponderamento, visando também "o bem". Porque há escolhas que visam carecem desta frieza, e muito mais ligado ao conceito culto filosófico de maquiavel, do que puramente manipular.

O maquiavélico é aquele que só manipula sem o embasamento racional, apenas por manipular. O maquiaveliano faz isso por questão de funcionalidade sistêmica, dentro da "seleção natural da espécie" no mercado de trabalho, por exemplo, na política e em liderança em determinado grupo social.

Sobre o chefe dos líderes ( não os líderes, mas o chefe deles rs) , eu não julgo, cada um no seu lugar. Eu tenho dó na realidade, são pobres de espírito, de coração e não sabem o quanto é prazeroso ter empatia e humanidade. Venderam a humanidade pelo dinheiro e poder, onde há uma certa deturpação sobre o que é felicidade, o que é ser feliz e qual seu sentido no mundo. Não é muito diferente que vender a alma para o diabo. Bom, eles que se resolvam no inferno rs...

De certo modo aprendemos com maquiável para ver o mundo, mas não necessariamente praticar e sim entender o mecanismo social. 
Será que Maquiavel era um psicopata/sociopata? Comente :






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