quinta-feira, 17 de agosto de 2017

"Você viveria aqui durante um ano, longe de toda modernidade e sozinho por 1 milhão de reais?"


Agradecimentos à André Lucero, responsável por fazer esta pergunta no grupo de filosofia ''Shopenhauer & Nietzsche.''
Bom vamos lá....
Muitos no debate acharam que isso seria insanidade, o que é totalmente compreensível, nem eu, que sou ligado a natureza aceitaria este desafio sem parar para pensar muito sobre os prós e contras. É natural que nós tenhamos medo de ficar sozinhos ou isolados do mundo, mas isso reflete uma verdadeira revelação de que a nossa própria companhia não seria capaz de realizar nossos desejos e satisfações. O homem moderno precisa dos outros e das coisas para ser feliz, o que muitas vezes o dissociaria o conhecimento sobre seu "eu" mais íntimo. Hoje somos denominados pelo que fazemos profissionalmente não por outras características intrínsecas.







"A profundidade de campo que define a percepção [...] vivemos cada vez mais uma vida volátil e efêmera, nossa experiência desconhece qualquer sentido de continuidade e se esgota num presente sentido como instante e fugaz [...] Uma memória imediata com ausência de profundidade do passado" Marilena Chaui

Ou seja, ouve uma transformação também no espaço tempo, uma fragmentação e dispersão.

Viver uma vida simples fora dos vícios é difícil. Sejam eles de consumo , de drogas , de drogas de comportamentos, de doses de felicidade utilizando o outro como objeto ou distração. O que o sistema propõe é bem estruturado para perderemos a conexão com nosso eu verdadeiro. O véu da ilusão ( maia) que distância o Atmã. Quanto tempo você consegue ficar em meditação?, talvez você nunca tenha mediato e encontrado sua verdadeira natureza.

[Átma, ou Atman, é o termo usado no hinduísmo para alma (espírito, ou consciência) e princípio de vida (sopro). A alma individual é semelhante à alma universal (Brama). No hinduísmo também significa aquilo que é imutável, indivisível e eterno, a verdadeira natureza das coisas.]

Com certeza estar fora deste sistema também nos daria uma recompensa muito maior em termos de : frustrações, convivências, estresse, fumaça de carros, transito, perigo, se perder em ilusões e superficialidades, se perder em si e nos outros, se perder no consumo, na mídia, no ideal das propagandas.

Entretanto o principal não é apenas este velho argumento ainda que válido, a questão é  que conviver com o homem urbano acaba sendo algo duvidoso.. Todos á procura de potencia, vantagem,dominação,controle sobre seu cilclo social e sobre os outros. Muitos pregam o ódio, a vingança, a hipocrisia  e ignorância ... enfim.. nós não sabemos viver em harmonia em muitos momentos.




Estar longe desta humanidade doentia é com certeza uma procura de desenvolvimento pessoal consigo mesmo, ter um tempo para você é essencial. A simplicidade faz a diferença.  Veja bem não estou dizendo para largar a sua prosperidade, o seu carro e etc.. mas consumir com consciência sabendo que aquilo não é o fim para a satisfação completa e sim um meio que auxilia, porque o fim só depende de você. Consumo consciente, desapegado. O único apego válido aqui é o apego do bem estar da sua alma. Nós merecemos conquistar bens mas não merecemos que eles nos conquistem.

A felicidade de adquirir bens, como jogar comprar um imóvel em Alphaville nunca ira suprir nosso vazio inexorável. Nossa angústia de ter que amanha pegar transito e a rotina massante e nada autêntico, muito menos libertadora, são alternativas para se rencontrar no mundo do qual sua alma nunca irá se confortar. Viver  em uma sociedade de espetáculo é algo que não precisamos. O maior espetáculo é o autoconhecimento de sí.

Se você aceita o desafio e começa a praticar meditação, talvez esse um milhão que ganhasse teria um outro propósito ou significado. Pode ser até que você não queira mais esse 1 milhão.


Um exemplo Cristão admirável contanto hilário, porque muitos se dizem cristãos mas não entendem da essência da alma segue ; A Frase icônica é " Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus'". Mateus 4:4 

Na minha interpretação sobre a frase, é que o que nos enriquece a alma é o conhecimento, o pão que faz parte de nossas necessidades carnais é apenas um meio, mas não o fim. Quando possuímos um espírito forte o conhecimento nos alimenta, não precisamos mãos de outras coisas para saciar.

Então completo esta frase em um contexto atual de meu modo "Nem só de Estética  viverá o homem, mas de toda palavra que procede do conhecimento e sabedoria"

Sempre procuramos as ''coisas'' externas, nunca estamos preocupados as coisas que realmente importam . Sendo Assim  nós nunca estaríamos em estado de plenitude, nosso maior conflito sempre será com nós mesmos, eu sou meu pior inimigo. Se me deixar levar pelos valores do mundo e de suas expectativas criadas.. eu sou meu pior inimigo e além disso sou masoquista.

E falando sobre valores de mundo e as expectativas que ele cria sobre você; vos direis outra frase icônica :

"Se te apetece esforçar, esforça-te; se te apetece repousar, repousa; se te apetece fugir, fuja; se te apetece resistir, resista; mas saiba bem o que te apetece, e não recue ante nenhum pretexto, porque o universo se organizará para te dissuadir."
Nietzsche

Então,tudo ocorre internamente, você pode ser feliz em qualquer lugar, até mesmo dentro do Caos. Comprar uma casa na praia pode parecer incrível, um afastamento da angustia.. mas apenas afastamento, ela sempre volta.. porque a casa na praia é em Santos, e agora você quer que seja em Florianópolis, e depois você vai querer em Miami, e depois você vai querer o carro do ano, porque o seu já esta velho e assim segue a vida de uma pessoa que nunca viveu.

 A grama do vizinho e dos comerciais é sempre melhor...sempre.

A felicidade, a segurança, o conforto e diversão está dentro de você,  o mundo só lhe causara mais conflitos,dores e sofrimento se procurar nele uma solução para seu bem estar. E este mundo lhe aparece como belo , como doses de placebo,de drogas psicodélicas que te deixam feliz durante um curto período, mas que contamina toda sua alma.

Louco é aquele que vive no sistema e não percebe seus males, suas hipocrisias, ignorância, o mundo externo é um verdadeiro remédio placebo com compostos orgânicos de veneno.

E se você tem medo de viver sozinho em uma casa no meio da natureza, talvez (TALVEZ) é porque  você não consegue lidar e se divertir consigo mesmo, precisa dos outros e da matéria e das coisas.
Isso é sinal que pouco sabe você, ou até pode estar de saco cheio de si mesmo

CHOOSE  LIFE:





3 comentários:

  1. Irretocável seu texto, Allan Nagy! Eu mesma fui uma das participantes da enquete promovida por André Lucero no Grupo 'Shopenhauer & Nietzsche'. Depois de ler todo o Artigo, permita-me emitir minha opinião. A sociedade de consumo e de aparência se vale de uma premissa muito simples: exibir de maneira sedutora, um padrão facilmente contemplado como belo por grandes massas, de maneira repetitiva e com isso, construir aos poucos, um projeto de ideal, o qual torna-se irresistível. Isso, além de tratar-se de uma ilusão, esconde, misteriosamente, o fragmento mais óbvio, que consiste na fraqueza e no vazio existencial que cada um promotor dessas falsas ideias procura ocultar. Invariavelmente, falar das próprias qualidades, via de regra, não disfarça os principais defeitos, pelo contrário, amplifica ainda mais as ausências deste ou daquele indivíduo. Tornar-se adulto e continuar acreditando que há, em alguma instância, uma vida de plena felicidade, apartada das misérias, é, antes de qualquer outra coisa, pôr em xeque a qualidade do adjetivo 'adulto'.

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  2. Cida Ribeiro obrigado pelo elogio, me sinto honrado. Esta sociedade que você disse é exatamente a hipocrisia em que vivemos... sua definição me lembrou "A vida Líquida" de Zygmunt Bauman. Os adultos são mais infantis que as crianças, porque crianças são verdadeiras e naturais, espontâneas e experimentadoras. Acho que nunca fui um adulto, mesmo me enganando várias vezes em ser, para conviver em um mundo de forma estável, porque poucos indivíduos iriam me compreender

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    1. Grata pelo feedback, Allan Nagy! Bem lembrado, Para Bauman, “a vida líquida é uma vida precária, vivida em condições de incerteza constante”. Mas, parece-me que a vida sempre foi assim, uma série finita de incertezas permeada por artifícios capazes de produzir um sentimento relativo e breve de estabilidade. Mas, por que essa fluidez parece agora tão mais evidente? Talvez seja porque as inovações tecnológicas, os governos, a mídia e o mercado produziram um ambiente em que é cada vez mais fácil “apagar, desistir, substituir”. E a velocidade com que isso ocorre é que dá à vida esse caráter inconstante. É como se cada pessoa estivesse eternamente à procura de algo que possa ser seu novo objetivo ideal. Assim, a rapidez com que as variáveis mudam é condição necessária e, quem sabe, suficiente para a sobrevivência no mundo líquido-moderno.

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