sábado, 28 de outubro de 2017

Chega de Paisagens Bonitas, Expressionismo já!


Pintores expressionistas contribuíram para um novo conceito de estética na arte, a
interpretação do mundo mudava de contexto. A revolução industrial havia se
estabilizado em meados de 1820 à 1840 , as potências estavam se desenvolvendo
incessantemente. O idealismo e o nacionalismo com o tempo foi dominando as
mentes de superpotências. Finalmente surge um estopim, a primeira e segunda guerra
mundial. A luta pela dominação de espaços e por matérias prima que ocasionaram
algo já desejado por muitos, a fúria, a guerra. O expressionismo ganha repercussão em
meados de 1900, e presencia estes fenômenos históricos. A preocupação em produzir
quadros agradáveis se dissipou. A prioridade agora era retratar a realidade através da
subjetividade.


O impressionismo já havia ajudado um pouco, quebrando paradigmas ao se preocupar
com estéticas empregadas em academias de arte. Para o impressionismo não existia
mais a obrigação de produzir uma representação com traços reais e objetivos, os
impressionistas não continham contornos nítidos, as cores não eram necessariamente
misturadas (natureza morta). O impressionismo era pintado em telas ao ar livre, em
busca de realçar a iluminação natural dos ambientes, representar a natureza ‘’não
simétrica’’. Era produzir a impressão que um ambiente causava. Graças a estas
mudanças, deram asas ao expressionismo. Ele tinha como finalidade interiorizar o
externo. Ironicamente o expressionismo surgiu em oposição ao impressionismo, com
uma forma mais radical. Não bastava apenas uma impressão, e sim uma expressão. O
expressionista buscava representar a sua subjetividade em relação ao mundo e
também representar a própria existência (seja ela de forma privada ou ligada à
realidade ao seu arredor). Este movimento teve seu ápice depois da primeira guerra
mundial, suas pinturas criticavam o sistema em forma de denúncia, presságio,
indagação e indignação. 



O clássico quadro de Much – O grito é um quadro
belissimamente trágico, representando toda angústia humana com uma pitada de
existencialismo e nilismo filosófico (Munch era um admirador de Nietzsche). O belo
mudou novamente de perspectiva como conceito primordial da estética. Graças ao
expressionismo, o que é belo hoje não é apenas aquilo que representa coisas
agradáveis, o belo também são as sensações obscuras do ser humano. A catarse destas
sensações ao observar uma pintura como o grito é considerado algo belo.







Nossa natureza é imperfeita e desproporcional, e graças a estes medos, defeitos e angústias são características
nos tornam humanos.A importância do expressionismo é nítida, com algumas identificações peculiares em relação ao realismo (que procurava retratar uma realidade social, cultural ou filosófica
de forma ‘’real’’), o expressionismo foi uma forma de retratar a realidade através de
uma manifestação conotativa de sentimentos.


As sensações não são palpáveis e é isso
que diferencia a objetividade do realismo, que retrata uma situação de forma
denotativa. Sensações são mais bem representadas de forma metafórica e alegórica.
Através deste conceito a arte se sustenta com mais profundidade e poesia. Para
psicanálise nossos sentimentos vem do inconsciente, este inconsciente que é ligado ao
onírico, irreal, simbólico e figurado. Graças ao expressionismo podemos viajar além do
que é apenas objetivo, simplista ou socialmente aceitável. Os objetos podem tomar
asas divinas ou línguas de cobra, depende de como interpretamos. O expressionismo é
a melhor representação de nossos inconscientes.

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