segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Navalha Na Carne o vicío entre Amor e Ódio



Uma peça de Plínio marcos censurada por 13 anos, Navalha na carne é uma obra polêmica que levanta questões de amor e ódio com proporções depuradas e sórdidas.
Começa numa relação de três personagens, Neusa Sueli uma prostituta experiente pela idade adiantada e aptidão a fervores masoquistas, Veludo um prostituto gay desenfreado e Vado um cafetão impulsivo e sádico.








Neusa é prostituta de Vado, trabalhando intensas noites mesmo dizendo estar gastada desta vida. Apesar de Vado ter vínculo com ela apenas pelo interesse do dinheiro, ao mesmo tempo tem uma conexão muito forte com Neusa.
O fato é que a meretriz aparenta não dar muito valor à sua vida e dignidade submetendo às vulgaridades escrupulosas do cafetão arrogante.

Esta submissão funciona como uma energia vitalícia, não só sexual, mas existencial que ele sente por  submeter os outros ao seu poder. O cenário é bem  macabro, a peça se passa em grande parte nos xingamentos e mal tratos.


Quando vado acorda em sua cama, começa à procurar vídeos pornôs e percebe-se que tem um desejo homossexual por ali, sendo omitido quando Neusa Sueli chega no local.
Após sua chegada, os dois passam um bom tempo discutindo à respeito do dinheiro que ela deveria ter deixado na mesa, como rotina.Sueli realmente deixou o dinheiro mas alguém havia pegado.Então entra o terceiro personagem Veludo, suspeita do ocorrido.Vado o chama imediatamente com sua cólera se preparando para dar uma boa surra.Todos os personagens tem comportamentos instintivos e até primitivos, vivendo uma trama de raivas,torturas e insanidades.


Após um bom tempo de atritos e desentendimentos, veludo se confessa, disse que tinha pego todo o dinheiro para comprar maconha e sair com seu amante. Sendo o chefe da casa, o cafetão obriga veludo à lhe entregar a droga dando um prazo para ele pagar todo dinheiro. Vado em seguida acende o baseado pedindo para veludo retirar-se mas devido ao vício, o jovem fica instigado e insiste diversas vezes para dar umas tragadas.
E Neusa observa todo cenário caótico emputecida. 

No decorrer desta situação surge uma cena muito interessante quando vado cede a droga,veludo em seguida tenta pegar a maconha de sua mão, mas vado ficaria ludibriando, cedendo e tirando a droga que veludo ansiava tanto salivando.
O cafetão sentia prazer em olhar aquela situação de dependência do rapaz, rindo sarcasticamente; vado estaria realizando um fetiche de tortura que por essas e outras, foram  cativando-o à proporcionar proximidades íntimas com veludo.

O que se denota é que este homem gosta de torturas e também de outros homens, sendo essa junção; ele desencadeia com veludo uma tentativa de prática sexual.

No final tudo acaba se estourando novamente e veludo se retira, mas a briga continua. Neusa após provocar vado pelo seu outro lado sexual, é insultada novamente, tocando em uma ferida indelicada, a  chamando de velha repetidamente.

Ela fica muito magoada... e com uma cena icônica, tem un momento de reflexão existencial.
Neusa Sueli pergunta se todos ali eram seres humanos, concluindo que no fundo todos são um monte “merda” e “bosta” sujeito à aquele submundo podre incluindo si mesma.

Neusa mesmo ofendida, começa à surtar ameaçando o seu amado com a navalha  e pegando as chaves do quarto para não o deixar sair enquanto não transar com ela. 
Vado fica amedrontado, mas com seu poder de sedução acaba persuadindo e pegando as chaves.

Em alguns momentos Neusa demonstra ter poder de autonomia, crueldade e malícia o suficiente para se livrar do seu cafetão.Como na cena em que ela ameaça vado com a navalha.Com tudo isso, conclui - se que no fundo aquele relacionamento sádico que sentia de sofrer por ele, era horrível, mas ao mesmo tempo prazeroso.

Após Vado pegar as chaves e sair, Neusa grita seu nome, sabendo que não voltaria, ela se deita e dorme. Vado volta depois, e deita ao seu lado, enquanto veludo faz o mesmo.

A cena acaba com todos deitados juntos, significando que apesar dos apesares, aquele submundo em que viviam de animalia fazia parte de suas vidas, criando vínculos de ódio e amor.









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