quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

O VOO DE NIETZSCHE: ÍCARO OU SUPER HOMEM?



Nietzsche é uma figura emblemática na filosofia moderna, influenciado pelo romantismo alemão de Schopenhauer e Goethe, o poeta cria um modelo de pensamento que rompe e inverte a ideia do que é : a razão, os valores morais e a própria metafísica. O fenômeno nietzschiano manifesta uma estrutura de pensamento que se desenvolve amplamente na filosofia moderna nos pensadores contemporâneos. Neste marco nietzschiano, uma nova ambientação de pensar toma forma e ato. A coragem de subverter a razão tem seu ápice em Nietzsche, assim como o impulso natural (antropocêntrico do homem) de matar a metafísica, negando-a, controlando-a (pela ciência) ou transgredindo-a (na moral, ética ou metafísica). São novas percepções (estas que não seriam favoráveis concluí-las em uma introdução). Isto porque é necessário seguir uma conduta de regras e normas dentro de um texto dissertativo, sejam por estratégias de marketing (para que se leia o texto por completo) ou uma por uma questão de práxis humana a respeito da intelecção textual. Mas, há algo mais profundo a respeito da linguagem e estrutura… que nos remete a Aristóteles, visto que a linguagem, por natureza, se revela como estrutura que organiza e pronuncia uma lógica-racional. Mas afinal, falar de Nietzsche dentro de normas dissertativas de um texto, é falar de Nietzsche? além disso… falar de Nietzsche com chaves de linguagens filosóficas, é falar de Nietzsche? Acredito que um grande estético, como Nietzsche, mereceria uma grande explanação estética e não filosófica para falar de sua estética. A sua estética erudita se apresenta como um conhecimento mais experiencial do que propriamente descritivo e lógico. Este conhecimento pode conter uma lógica particular, que não necessariamente tem um pressuposto de relatar a realidade objetiva. Nietzsche é uma obra de arte, com lógica erudita, articulada em uma atmosfera estética que carrega e reproduz uma poesia com teor de filosofia. A arte de Nietzsche consegue se relacionar, interagir ou até se confundir com a filosofia pura, filosofia enquanto λόγος (logos). 

Antes de chegar a Nietzsche, analisaremos os antecessores porque é de suma importância. Constatamos um processo histórico da filosofia para chegar ao marco da morte de Deus. Nietzsche afirma-se como “homem dinamite” e esta bela e complicada combustão de Zaratustra, tem faíscas já presentes no iluminismo. Mesmo que Nietzsche não goste de Kant, este pensador também impactaria a decadência da metafísica para a bomba de Zaratustra explodir! Mas… quando se fala em iluminismo , Rosseau possibilita uma maior abertura para as portas incendiárias do super-homem (em que o romantismo alemão deve muito a ele) . 

Rosseau, defende a perfectibilidade do estado natural do homem, os sentimentos começam a ter mais importância que a razão, visto que para Rosseau, a priori, os afetos constroem e movem o mundo antes da razão. Dentro desta desenvoltura de pensar através das emoções acima da razão, o iluminista concebe uma vanguarda literária posteriormente. O romantismo literário de fato, impactaria os moldes do pensamento ocidental. Schopenhauer deu continuidade com maestria, teve um importante papel em retratar as emoções na obra “ O mundo como vontade de Representação”. O corpo é vivenciado por dentro, em um fenômeno de movimento, a mão seria a representação e o movimento a vontade que afirma a existência e interação da própria. A vontade abre alas para que um artista ganhe um valor particular. Antes um pintor da idade média era apenas um pedreiro, artesão, hoje um pintor, poeta entre outros, é um ser diferenciado e esbelto. Em seguida, Nietzsche começa em Schopenhauer e rompe com ele. Ambos concordam que a arte é farmacológica, inspiradora e libertadora. No entanto a arte para Nietzsche não é só a libertação do sofrimento, mas a própria afirmação da vida e da vontade potência e da manifestação do existir que não recorre a uma submissão, mas ao contrário, uma ação como forma de se manifestar e se firmar no mundo. De significar a sua existência sem medo ou dor! 

“Toda arte, toda filosofia pode ser vista como remédio e socorro da vida em crescendo ou em declínio: elas pressupõem sempre sofrimento e sofredores. Mas há dois tipos de sofredores, os que sofrem com a superabundância da vida, que querem uma arte dionisíaca, e desse modo uma perspectiva trágica da vida – e depois os que sofrem com o empobrecimento da vida, que exigem da arte e da filosofia silêncio, quietude, mar liso, ou embriaguez entorpecimento, convulsão. Vingança sobre a vida mesma – a mais voluptuosa espécie de embriaguez para acesos assim empobrecidos!” – Nietzsche, Nietzsche contra Wagner 

A subversão de Nietzsche é mais uma arte do que propriamente um método sistemático filosófico. A sátira sobre a razão deste franco-prussiano alcança o objetivo esperado. Entretanto, é curioso que grandes artistas correspondem ao quadro clássico da tragédia grega em suas vidas; assim como Van Gogh, Nietzsche só teria maior visibilidade após sua morte. Uma visibilidade infeliz com o nazismo de Hitler ou ocultismo de Aleisteir Crowley, mas também transgressora e produtiva, que abre as portas para psicanálise de Freud, o pós-estruturalismo de Focault, o feminismo de Simone de Beavour ou a fenomenologia filosófica e clínica de Heiddeger.

A arte filosófica de Nietzsche dá forma e auge para novos olhares da realidade. Não como filosofia pura e real (na tarefa desvelar a realidade) no termo grego de( Αλέθεια) Aletheia, mas como uma forma de experienciar a vida sem que haja uma mensuração racional deste campo real de Aletheia. Dentre estas considerações, Nietzsche aborda o espírito que transgride a razão (em que segundo ele) foi limitada por uma relação de desequilíbrio arquetípico do homem. A relação entre Apollo e Dionísio na obra “O Nascimento da Tragédia”. Nietzsche não é só uma arte erudita de subversão (arte enquanto significado de técnica) , mas além da arte de conteúdo filosófico, a maestria do escritor está na habilidade de articular a sua filosofia em uma dança que se pronuncia forma de prosa. Mas Nietzsche era realmente um filósofo? ou um poeta erudito?. Em termos filosóficos a estruturação do pensamento de Nietzsche é falha, mas em termos poéticos é espetacular. A poesia é mais perigosa que a filosofia neste sentido, porque esta causa sintomas de imersão ou transgressão, sem a necessidade de se comprometer a uma razão objetiva. Nietzsche não tem compromisso com a razão e nem faz questão, ao contrário, o mundo de Nietzsche é totalmente invertido. É uma ‘’filosofia’’ que engole a própria filosofia, como um ouro-boros. Poeticamente falando, ele tem uma estética genuína que manifesta um sistema de pensamento e de prática subjetiva, mas não objetiva. Filosoficamente falando, a sua estrutura de pensamento não compreende e nem estabelece um sistema racional tangível, com coerência e comprovação no campo real. A hermenêutica de Nietzsche na “Genealogia da Moral” constata um conceito de moralidade senhor-escravo, em que os fracos criam artimanhas metafísicas para controlar e estabelecer uma forma de domínio e poder, das quais eles regozijam a vitória ela força e controle. Porque são fracos, são escravos com medo, mas perspicazes em limitar os seres por um arcabouço religioso-racional-platônico. Escravos de uma falsa potência, que se potência em detrimento da redução de uma verdadeira potência do outro. A potência real do ser, sua expressão singular e natural é controlada por uma moral e uma metafísica que adormece um possível senhor, escravizado. Sendo, assim, a potência do cristianismo seria reduzir a potência daqueles que o seguem, então surge o niilismo negativo. Contudo, é inteiramente constituída em uma falácia genética. A razão de uma gênese sobre um objeto, não necessariamente justifica ou não comprova a sua ineficácia (em relação ao seu devir).

Importante ressaltar que os apontamentos aqui mencionados se devem a filosofia e não propriamente a poesia. A estética de Nietzsche é algo inspirador que motiva o conhecimento, o questionamento , a crítica e a psicologia humana. Esta poesia Nietzschiana não poderia morrer, mas a filosofia também não pode morrer

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

A História secreta de Odin



Uma vez um velho sábio, caolho, me mostrou uma história e disse que deveria contar aos homens. Este velho é conhecido entre muitos nomes: Wotan, Wotanaz, Woden, Othinn, Bolverk, Grimnir, Hanga e Ygg, chefe dos Aesir; Odin.

Para que prossiga com a história, alguns esclarecimentos são necessários. O porquê desta história que não existe na história (mas que esta na história?) Afinal o velho não desperdiça seu tempo, tudo o que faz tem um proposito, e como um Aesir, ele espera que seja de bom uso seus conhecimentos transmitidos para aqueles que seguem a antiga fé escandinava, mas, ao mesmo tempo, ele não gosta de ovelhas, cabresto, religião ou seguidores.

Por que Odin me contou? porque minha boca fala mais do que deveria e meus ouvidos escutam menos do que deveriam. Boca falante e ouvido surdo é temperamento Lokiano (Deus Loki) não escuta, é teimoso, fala groselha, prega discórdia, tira um sarro da vida como um bobo da corte. Quer inverter o mundo de ponta cabeça. O bobo da corte ainda, sim, é um mentor do rei, a piada tem seu valor, tem sua magia particular. Entre o sarcasmo e a loucura há uma linha tênue, este arquétipo pode cair facilmente em aspectos da sombra e da escuridão do mundo. Talvez eu não esteja pronto para trabalhar com a ironia. 

Wotan disse "A boca que fala é a mesma que amaldiçoa os outros e a si ( em triplo ) , não precisa disso filho, o mundo já tem muita praga e maldição nas palavras ditas em jornais ou até nas filosofias que você estuda, você é um ser de luz, um guerreiro!  com uma grande sombra ( que todo berseker precisa). Ela também te ajudará, mas não a deixe dominar sua alma, você é de Asgard, não se esqueça"

Então Odin me pediu para contar este ritual secreto que os vikings faziam.

E essa música  também para contar a história : 




Na época de ouro, em que a tradição nórdica era pura, sem adulteração do que chega hoje para nós (sem conversão do cristianismo) sobre a antiga fé deste povo. Nesta época as famílias formavam um clã gerenciado pelo rei ou Jarl.

Quando um clã entrava em conflito com outro, a guerra espiritual era muito sangrenta. Muitas famílias faziam magias com seidr, amaldiçoavam as outras com palavrões mágicos e runas sombrias, das quais não temos acesso hoje porque ele baniu desta terra, alguns ocultistas tentaram resgatar este tipo de magia, mas eles não tem acesso por completo. Essa runa sombria é pior que runa invertida, só os oráculos tinham acesso a este conhecimento do qual Odin não os tirou. A maldição percorria nas gerações futuras, alguns bebes nasciam defeituosos, esquisitos, coisas muito feias que não posso falar. Os nórdicos jogavam estes bebes em  lagos, matavam e retribuíam o favor na mesma moeda. A brutalidade não era o objetivo do velho.



Ele disse

"Filho, eu  não me sacrifiquei em na Yggdrasil durante 9 dias para trazer isso ao meu povo,esperava mais, colher frutos, alegria e paz" . Ao dizer isso uma lagrima caiu sobre único olho, mas só uma porque Odin não fica preso no ressentimento e no passado, depois se foi.

Então em uma noite ele apareceu em forma de sonho para todos os escavinados da antiga fé.  Sentado em um trono onde não havia mais nada, só ele uma luz amarela sobre seu trono e a escuridão em volta. Não conseguiam ver seu rosto apenas seu olho brilhando, seu elmo e seu corpo. Então Odin pronunciou

"Vocês não veem meu rosto, não é? Porque estão obscurecidos, minha face é olhar da verdade e quando se carrega maus espíritos este olhar não pode me olhar. Isso porque vocês não merecem ver meu rosto, muito menos merecem ter acesso ao conhecimento que lhes entreguei. Qualquer maldição que soltarem em suas bocas será punição severa e se não for seguido a risca, minha fúria cairá sobre todos. As guerras podem continuar porque é o espírito de nosso povo conversar batalhando e sorrindo para morte! com honra! mas se houver alguma maldição as coisas vão ficar sérias. Vocês são vikings não precisam de magia, vão para guerra se não concordam entre si"

A partir deste dia, quando um clã entrava em conflito com outro e amaldiçoava-o, a pessoa que soltou o feitiço, seja pela boca, seidr ou pela runa sombria teria que fazer um ritual de purificação. Se sobrevivesse o ritual seria digno de continuar abençoado em dobro, se não morria e a alma se desfragmentava, é pior que uma alma penante. Os fragmentos ficariam espalhados pelo universo e os compostos da alma eternamente entrariam em desespero procurando se juntar ao seu todo. As consciências da alma ficariam conturbadas, confusas em agonia pela eternidade. Alguns destes ele teve misericórdia e corrigiu, 20% pode se dizer foram salvos após fragmentados.

Como funcionava o ritual?
 
Havia um balde de metal entalhado com todas as runas de forma circular, no centro a runa "Hagalaz" runa destruição, da morte. Assim, destruindo todo composto corrompido, a Hagalaz oblitera este mal do individuo que amaldiçoa o outro, principalmente o seu povo.

Nesta runa central eles acendiam o fogo neste balde. O cidadão teria que abrir a boca e no céu dela os oráculos entalhavam (como se fosse tatuar) a runa Hagalaz. Ele podia sofrer no entalho, só não ficar chorando muito de dor e nem desmaiar.  Se isso acontecesse, a alma se desfragmentava. Em segunda instância, logo após a cicatriz hagalaz presente no céu da boca, este individuo teria que abrir o máximo que pudesse e colocá-la em frente ao balde com fogo. O fogo queimaria a boca. Geralmente os que sobreviviam não podiam mais falar, e ficavam com a boca queimada para sempre, da boca, do céu dela até a garganta. É como se fosse engolir o fogo e sobreviver a isso. Alguns conseguiram falar com tempo, se tivessem tal mérito, outros nunca mais falariam.